Liska!: “Fazemos música desde a base para a Galiza que luita, sem pressa mas com passo firme”

Por Angelo Nero

Dez anos de troula e de luita, dez anos de Liska! A família medrou, houvo um mundo de concertos, chegárom novos folgos, também houvo despedidas, muitos festivais, e muita, muita música. ¿Que fica dessa família originária de Liska!, e que balanço fazedes como grupo desta longa década que começou no ano das primaveras árabes e remata com o segundo ano maldito da pandemia?

Fisicamente resta bem pouco dos primeiros da família a verdade, somos umha banda que nos soubemos adaptar às circunstáncias e renovar os membros com bastante facilidade, quiçá também em parte porque os ex-membros rara vez marcham de todo e a filosofia da banda procurou sempre a comodidade das integrantes antes de qualquer tipo de exigência. Foi umha década com muitos cámbios a nível social e um retrocesso em direitos e conquistas da nossa classe abrumador, e frente a isso a atitude da banda foi clara, sem pressa mas sem pausa mantivemos os nossos sinais de identidade e a nossa atitude de denúncia social sabendo-os adaptar também aos novos tempos.

“Sonhos de Raiva”, no 2013, foi vosso primeiro trabalho, misturado por Pedro Feijoo e masterizado por Fernando Moure em Muu! Estúdios, e que no vídeo dirigido por Paulo Bouzas já adiantava as vossas intençons, com essa arela de liberdade na que erades quem de traspassar os muros dumha prisom. ¿Quais eram esses sonhos que vos animárom a armar umha banda tam combativa como esta?

Os mais velhos da banda vimos dumha época onde nom entendíamos a música doutra maneira. Mentras encerram ao amigo ou à vizinha que vás fazer? Escrever letras sobre a próxima cerveja que vás chupar no bar do bairro? Para nós é umha questom tam elemental que nom temos lugar à dúvida.

Entre as vossas influências máis esclarecedoras estám os clássicos do ska-reggae, mas também há quém assinala que também tedes algo do Rock Radical Basco, ou do punk-rock, máis ¿Quais som, para vós, as bandas com as que vos sentides mais identificadas?

Ainda que como apontamos antes somos umha banda que nos adaptamos aos novos tempos, se falamos de identificaçom nom podemos negar que nos sentimos parte de toda essa maneira de entender a rua e a música que nos acompanhou sempre, desde Xenreira a Skárnio, passando tamém por bandas como os Skacha ainda dando tralha, som referências que nos tocam de perto e que respeitamos muito. É claro, que se falamos de influências sempre estarám os clássicos do ska-reggae ou do punk-rock feito em Euskal Herria nos 80 e 90 do passado século, mas nom só, somos pessoas que vivemos neste mundo e ainda que tenhas preferências musicais, qualquer tema de um ou outro género pode prestar.

Daquela, declaravades nunha entrevista que vos fixo Olalla Rodil: “A música como qualquer outra faceta cultural tém que estar ao serviço da sociedade e do país. Tém que ser umha ferramenta mais com a que trabalharmos diariamente. Do contrário só pode ser entendida como correia de transmisom do poder e nós nom estamos, desde logo, pola labor de sermos correia de transmisom deste poder.” ¿Seguides pensando o mesmo, que a música tém que estar ó serviço do país, ou que pode ser umha ferramenta mais de transformaçom social?

Assi entendemos a música desde logo e assi intentamos contribuir com o nosso pequeno grao de areia para essa transformaçom.

Pouco a pouco, conseguides fazer-vos um oco no panorama musical galego, ainda que isso seguramente nom foi moi fácil para umha banda com um forte conteúdo social, politicamente incorrecta, por dize-lo dalgúm jeito, ¿Tivestedes muitos atrancos nos inícios para tirar cara adiante com o projeto de Liska!?

Normalmente os medos e desconfianças desaparecem na gente quando se aproximam a nós e compreendem que somos pessoas normais como elas, que nom temos cornos nem botamos lume pola boca, alomenos num sentido literal haha… A ver, si que temos notado certos atrancos e dificuldades que nom víamos em companheiras doutras bandas, mas sempre intentamos superar essas cousas convencendo-nos de que somos nós as que nom sabemos transmitir bem e intentando dar-lhe umha volta a isso. O nosso povo é sábio e acabará compreendendo.

No 2017 sae à rua o vosso segundo trabalho, “República 1.0”, um EP de cinco temas no que se inclui “Bágoas de sal”, que já saíra em 2015 em formato de vídeo, esta primeira entrega de República adiantava un projeto a longo praço, ¿Qual era essa ideia que germinava neste disco, e que, como olhamos agora, tivo continuidade?

Era basicamente umha adaptaçom aos novos tempos e requerimentos do mundo da música por um lado, e aos nossos ritmos e necessidades por outro. Insistirmos na ideia base da República e todo o que essa ideia encerra assi como preparar a banda para um salto qualitativo. Fazemos música desde a base para a Galiza que luita, sem pressa mas com passo firme.

Liska! é umha banda que dum jeito habitual se solidariza com muitas das injustiças que inçam as portadas de meios como o nosso, como a condena ao rapeiro Pablo Hasel, o juizo ao independentismo com a Operación Jaro, a repressom do referendo na Catalunha ou a violência machista. ¿Nos vos traze muitos problemas, à hora de contrataçons ou de presença nos meios o vosso apoio a todas estas causas?

Nom vamos pedir permisso para ser pessoas. E se isso nos trae menos contrataçons ou menos presença nos médios, bem-vindas sejam. Há prioridades na vida.

“República 2.0”, xurdiu em 2020, gravado e masterizado nos estudos vigueses Estereoarte, e tém como fio condutor o mundo do mar, as “labregas do mar” e a migraçom, nele botastes mais madeira ao lume da denúncia social, mas, além de seguir cuidando as mensagens, misturades ritmos cubanos como o som e a güajira, sem abandonar a vossa base de ska-punk. ¿Que supóm este terceiro trabalho na vossa trajetória, e umha progressom natural, um pase ao seguinte nivel?

Si notamos certa progressom na banda nessa altura, mas estamos convencidas de que ainda damos mais de nós, de que o melhor está por vir. Com o República 2.0 rematamos essa transformaçom que esperávamos com as Repúblicas e nos preparamos para o que está por vir.

No entroido de 2020 subistes ao cenário do Festival Tainha de Goiám, com a estrea de “Sede de Terra”, o avanço do novo EP, sem saber que estava a piques de abrir-se um panorama mais que incerto, com a propagaçom da pandemia do Covid-19, e com os confinamentos e as restriçons durante muitos meses nom houvo possibilidade de subir-se a um cenário. ¿Como resistiu Liska! este longo periodo no que o mundo parou, também o da música, em que pechárom muitos locais, e incluso houvo bandas que se desfigérom?

Foi difícil para todas, nós afortunadamente conseguimos sair adiante. Tivemos a sorte e a desgraça ao mesmo tempo de lançar o República 2.0 justo antes da pandemia. Foi umha desgraça enquanto nom poder tirar-lhe o rendimento ao trabalho, mas tamém a sorte de tê-lo sacado e nom alongar ainda mais dessa maneira a sequia que estava por vir.

Também cuidades muito a parte audiovisual, neste último trabalho saiu o ano passado “Labregas do mar”, um trabalho audiovisual de “Galunk Producións”, dirigido por Alberto Lora. E acabades de estrear, nestes mesmos días, “Sermos”, um tema gravado e misturado por Javier Vicalo em The Dub Yard Records e masterizado por Ibon Larruzea en Euridia. ¿Como foi a experiência de gravar estes últimos vídeos da vossa banda?

Mui satisfeitas com o resultado em ambos casos. “Labregas do mar” é um canto à mulher e ao trabalho no mundo do mar e foi gravado in extremis antes do confinamento pandémico. A sua acolhida nas redes foi umha das melhores novas que puidemos receber em plena pandemia. Com “Sermos” resgatamos a memória, a dignidade e a luita na pessoa do Joám Jesus Gonçales. Tínhamos muitas ganas de vê-lo na rua, era um tema aparcado por causa da pandemia e que estava programado num princípio para finais de 2020.

Por último, seica Liska! voltou ao cenários com força, ¿Como foi esse regresso ao direto, e que concertos tedes já na agenda?

Pois estamos em pleno arranque, tocamos no Festival Ponte Louco de Castro Caldelas mas ainda com a gente em cadeiras, e agora começamos com muita ilusom a gira por salas para os meses de inverno esperando que a situaçom sanitária nos permita levá-la a bom porto.

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