Homenagem às vitimas do fascismo en Lobeira, Val do Límia

À beira do Límia que nos une e nutre, comprometemo-nos solenemente a seguir nesta luita pola verdade e contra a mentira, até o nosso último alento.

Por Carlos Morais / Comité pola Memória Histórica do Val do Límia

Novamente estamos onde temos que estar! Honrando a quem a história imposta polos vencedores, e perpetuada pola narrativa da falsa equidistância do pósfranquismo, tentou condenar ao esquecimento.

À beira das águas do rio que configura a bela querquennia, onde a teimosa memória popular mantivo viva a lembrança da brutalidade fascista, queremos honrar, dignificar, reivindicar e reinstaurar a todos aqueles homens e mulheres que há oito décadas padecérom nas suas carnes a cruel violência terrorista.

Por terceiro ano consecutivo, o Comité pola Memória Histórica do Val do Límia chanta sobre a terra do sulocidente da Gallaecia central, umha pedrafita de 8 mil quilos de granito para perpetuar a memória coletiva dos nossos devanceiros, executados por defender os direitos e as liberdades do povo trabalhador e empobrecido.

Após a fulgurante primavera vermelha de 1936, que em poucos meses transformou em realidade tangível sonhos acumulados geraçom após geraçom de labregos, artesaos e obreiros, um gélido inverno chamado franquismo arrasou com todo.

A uns centos de metros de onde agora nos achamos, na margem norte do Límia em direçom a Cavaleiros -no que se denomina os Infernos de Parada ou o Poço de Inferno-, fôrom encontrados os corpos executados de três trabalhadores, vizinhos de Ourense, passeados 4 de agosto de 1936.

José García Morán, 27 anos, José Romualdo Iglesias, 36 anos, e Ramón Padrón Pardo, 19 anos, fôrom vilmente assassinados. O selvagismo e a sanha do sicariato falangista amputou a língua e os trestículos do José Romualdo, jornaleiro e militante comunista.

Eles três fôrom as primeiras vítimas nas terras de Lobeira, mas contrariamente ao mito imposto polo franquismo de que neste concelho nom houvo mortos, nom fôrom as únicas.

No monumento que inauguramos solenemente, da autoria do nosso estimado mestre canteiro Diego Currás, “O Rixón”, estám gravados para eternidade os nomes de nove filhos de Lobeira.

Dous deles executados a centos de quilómetros de aqui. Félix Salgado del Moral, mestre e dirigente sindical da legendária ATEO, militante do PCE, no campo de tiro de Puente Castro, em Leom, 18 de agosto de 1936.

Antonio Álvarez Fernández, nascido em Santa Cruz de Grou, operário da construçom e dirigente da CNT em Lugo, fusilado 26 de setembro de 1939 numha tápia do quartel da Guarda Civil da cidade amuralhada.

Dous membros da corporaçom municipal republicana de Lobeira em 1936 fôrom vítimas mortais da fúria azul, que foi deixando um rasto de sangue e dor por todas todas as aldeias ao longo dos anos posteriores do fatídico verao de 1936.

A consequência da perseguiçom e repressom a que fôrom submetidos, falecérom Santiago Álvarez Adán, 65 anos, vizinho de Tedós, e Nicanor Rodríguez Álvarez, 35 anos, nascido em Gaiás. Santiago numha data indeterminada do verao de 1936 no exílio de Tourém, e Nicanor na sua casa a 2 de junho de 1939.

Joaquim Dias Rodrigues, vizinho de Cavaleiros, popular barbeiro, foi executado 6 de dezembro de 1936 no lugar de Carris, Santa Cruz de Grou, com tam só 29 anos.

Liborio Rodríguez Salgado, dirigente do Sindicato Campesinho de Facós, faleceu 24 de dezembro de 1937 a consequência da pulmonia provocada por ter sido lançado polos falangistas nas gélidas águas da poça de Madanela, após ter sido utilizado como mula de carga nas suas brutais caçarias humanas.

Destacamos o caso de Gerarda Rodríguez Araújo, vizinha de Senderiz, paradigma do grau de paroxismo da atroz violência exercida nas terras do Val do Límia polos esquadrons da morte falangistas, quem morreu com tam só 30 anos, deixando orfo a um bebé de poucos dias.

Gerarda Gerarda Rodríguez Araújo, recém parida, faleceu 7 de agosto de 1943, logo de ser aldrajada, torturada, violada, malhada e lançada a umha poça de rego.

Sabemos o nome de algum dos indivíduos que conformavam a pior escória humana responsável deste crime. Referimo-nos a Ramón Díaz Fernández, popularmente conhecido como Ramón da Avelaira ou Ramón da Carreira, natural da Vila, acompanhante habitual da temida milícia falangista de Bande, dirigida polo criminal Fragueira, alcume de Gumersindo Pérez González, e por Juan Pedro Recouso Naveira.

A recuperaçom da memória histórica antifascista e republicana deve ir acompanhada por revelar, para conhecimento e desprezo público, os nomes dos verdugos, dos criminais sem escrúpulos, que durante anos sementárom com absoluta impunidade morte e destruçom. Alguns, fanáticos seguidores dos postulados de José Antonio Primo de Rivera, e muitos outros simples lumpem que exerciam de eficaces mercenários por perseguir e executar os melhores filhos deste país.

Desprendamo-nos do medo, falemos alto e sem complexos, divulguemos e denunciemos os crimes, os abusos, a brutalidade padecida por centos e centos de vizinhos e vizinhas de Lobeira e do conjunto do Val do Límia. Que se imponha sem maquilhagens dumha vez a verdade e a justiça!

Finalmente devemos honrar a Francisco Domínguez Blanco e José Fernández Alonso, popularmente conhecido como Gres ou Pepe do Quarto.

Ambos vizinhos de Nogueira, da paróquia de Santa Cristina, formárom parte desses centos de jovens labregos do Val do Límia que se negárom a combater nas fileiras do exército franquista, desertando, nom incorporando-se a filas, procurando refúgio nas bravas terras de Castro Laboreiro.

Francisco Domínguez e o Gres nom se resignárom, optárom por combater o fascismo, formando parte da unidade guerrilheira comandada polo mítico Brasileiro ou Manolo dente d´ouro, que operou no Val do Límia entre 1939 e 1943. Ambos participárom no frustrado operativo que na tarde-noite do 11 de setembro de 1940 tentou expropriar o ‘Gran comercio dos de Parada’, situado em Porto Quintela.

Após serem capturados, detidos, brutalmente torturados na comissaria da polícia de Ourense, fôrom fusilados no campo de Aragom do quartel de Sam Francisco de Ourense, 20 de outubro de 1941.

Som pois doze os antifascistas que hoje, aqui e agora, honramos e reivindicamos como parte da melhor geraçom de homens e mulheres que pariu este Val do sul da Galiza. Para todos eles nem um só minuto de silêncio, toda umha vida de combate. Honra e glória!

Para os que neste instante solicito um imenso aplauso de reconhecimento.

*     *     *

Cumpre destacar que no processo de investigaçom prévio, imprescindível para organizar a homenagem que hoje nos congrega, logramos identificar mais quatro vítimas das que já se conheciam, que na altura residiam no concelho de Lobeira, o que significa um incremento de 57.14% das registadas nas bases de dados. Se isto fosse extrapolado mecanicamente ao cómputo nacional de 4.699 vítimas com resultado de morte, que manejava Nomes e Vozes em 2012, poderiamos estar à volta de mais de 10.000 executados polo fascismo na Galiza.

As investigaçons de microhistória, acoutadas a espaços geográficos reduzidos, permitirám avançar no objetivo de cartografar a repressom, de realizar um rigoroso inventário. A nossa particular experiência constata que com perserverância, paciência, intervindo sobre o terreno, petando nas portas, podemos lograr avanços qualitativos e quantitativos na elaboraçom do censo real de vítimas mortais do fascismo no Val do Límia e no conjunto da Galiza. É umha tarefa coletiva, na que a mais insignificante informaçom é relevante. O primeiro monólito que promoveu o Comité pola Memória Histórica do Val do Límia, chantado na curva de Fontaboa em setembro de 2019, deve ser atualizado.

Hoje pretendemos novamente a dar mais um passo na longa tarefa de sufragarmos coletivamente a dívida histórica que o Val do Límia tem contraído com a geraçom dos nosos avós e bisavós.

Nom aceitamos a desmemória imposta, nom aceitamos o medo inoculado, que só procurava, e procura, que um manto de esquecimento e silêncio agoche tanto crime, tanta crueldade e tanto roubo de bens e propriedades, mas também de coraçons e de almas.

Continuamos sem pausa, com firmeza e decisom, com a tarefa de restituiçom da dignidade, aplicando justiça, verdade e reparaçom, perante a insultante amnésia imposta polos vencedores do golpe de estado de 18 de julho de 1936.

Nom botamos ninguém em falta, mas sim solicitamos às autoridades da Corporaçom Municipal do Concelho de Lobeira, um reconhecimento instititucional a Santiago Álvarez Adán e a Nicanor Rodríguez Álvarez, concelheiro e tenente de alcaide respeitivamente em julho de 1936. Ambos contribuírom a paliar o atraso e o empobrecimento, a exercer a solidariedade, melhorar as condiçons de vida e a auto-estima dos setores mais humildes e oprimidos de Lobeira.

Por méritos próprios e polo que representam, os seus nomes devem ser cinzelados em letras douradas numha placa na fachada do Concelho, e as suas figura reconhecidas, reabilitadas, divulgadas e honradas como imprescindível desagravo a tantas décadas de esquecimento imposto polo franquismo e polo pósfranquismo. Mas tambem as outras dez vítimas devem ser honradas como merecem, sinalizando os lugares onde nascérom e/ou onde fôrom executadas. Nom pararemos até lográ-lo!

Mas esta nova homenagem que hoje nos congrega, nom pode reduzir-se a um nostálgico ritual de lembrança.

Nós, antifascistas galegos do século XXI, nem esquecemos nem perdoamos.

Exigimos sem complexos nem timoratismos, com voz firme e decidida, que se restaure a dignidade de todas as vítimas do genocídio planificado, do extermínio iniciado no verao de 1936, e que nom finalizou com a morte do ditador, tal como o relato oficial nos quer fazer acreditar.

Eis polo que o Comité pola Memória Histórica do Val do Límia forma parte da Plataforma Antifascista Galega, que este ano seguindo a proposta de Vigo Antifascista cointribuiu a instaurar o 20 de julho, como o Dia do Genocídio Galego.

O nosso antifascismo nom é um exercício nostálgico, lacrimógeno e historicista. Somar-nos a este relato seria contribuirmos a alimentar o suicídio coletivo, subestimar a ameaça em curso promovida polos partidos fascistas e fascistizantes, polos poderes fácticos que dirigem alguns dos principais resortes do poder no Reino de Espanha.

A ameaça fascista é umha realidade que já nom se pode desconsiderar. A fraçom mais terrorista do Ibex 35, da oligarquia que acumulou obscenas fortunas durante os 40 anos de franquismo, por mor da sobre-exploraçom da classe trabalhadora e da ausência de direitos e liberdades, tem promovido e financiado, com finalidade preventiva e dissuassória, o terrorismo político que promove o partido de Abascal.

Vox, com a ajuda inestimável dos meios de [des]informaçom burgueses,  que branqueiam o seu demagógico discurso contra as imensas maiorias sociais, nom só apela ao golpe de estado, pretende criar umha atmósfera visada para manipular e desviar a atençom sobre quem som os únicos e verdadeiros responsáveis da perda de direitos sociais e conquistas laborais que atingimos nas últimas décadas com a luita organizada da classe trabalhadora.

Tal como já manifestamos há agora um ano em Güimil, o auge da extrema-direita e do fascismo é umha realidade tangível que exige unidade, unidade e unidade antifascista.

Devemos combater sem trégua, com coragem, firmeza, unidade e determinaçom este vírus, este flagelo que nos ameaça como em 1936!

Nom podemos resignar-nos, nom podemos deixar-nos arrastar polo conformismo paralisante.

Denunciemos ativamente toda expressom fascista, quebremos o conforto nos nossos particulares espaços de socializaçom, nom concedamos a mais mínima trégua a quem o subestima, trivializa, banaliza, ou permite atitudes e comportamentos populistas e demagógicos que justificam o novo agromar da besta! Temos que pará-lo e extirpá-lo!  E a tarefa mais importante nesta conjuntura histórica.

Se nom somos capaces coletivamente de levantar um poderoso muro antifascista, a ameaça que nos derrotou em 1936 pode voltar a esmagar-nos, fazendo-nos retroceder novamente à obscuridade.

O Comité pola Memória Histórica do Val do Límia vai continuar recuperando o passado que teimam em esconder, vai seguir na tarefa de honrar e homenagear todas as vítimas do franquismo e do nazismo da nossa comarca, em desmontar a impunidade criminal, em combater a falsa amnistia. Nom nos vam fazer retroceder, nom nos vam fazer calar!

Nom vamos desfalecer nem arrugar-nos até desvelar e encontrar todas as vítimas dos que tentárom frear a espiral dialética da história, esmagando e aniquilando sem compaixom os setores mais avançados dos de baixo.

À beira do Límia que nos une e nutre, comprometemo-nos solenemente a seguir nesta luita pola verdade e contra a mentira, até o nosso último alento.

Viva Lobeira antifascista!

Viva o Val do Límia antifascista!

Viva a Galiza antifascista!

Nom passarám!

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