Entrevista a Xavier Moreda, porta-voz de Vigo Antifascista: “O fascismo nunca deixou de existir, agora emprega a democracia de jeito mais nocivo”

“A memória antifascista tem umha utilidade prática, funciona com energia desfascistizante e nom pode ser verniz combativo dos que nom querem combater”

Vigo Antifascista vai-se conformando com simpatizantes, ativistas e militantes por um compromisso maior, que entendem a necessidade de combater o fascismo com estratégias atualizadas.

Por Juanjo Basterra / Sare Antifaxista

Que finalidade ou objetivos persegue Vigo Antifascista? Quando nasceu? Se pugéssemos um termómetro, como está a luita antifascista?

O fascismo na Galiza e no Estado espanhol nunca desapareceu, e está medrando de forma organizada, normalizando o seu discurso. Ficou e fica patente que o continuísmo dos comportamentos do fedor fascista, da falsa equidistância, som consequência dos que fôrom educados no franquismo, que som também vítimas, e vitimários como promotores dos monumentos e difusores da história dos “dous bandos” e da simbologia franquista, dos comportamentos do que denominamos franquismo sociológico. O nosso objetivo é frear o auge do fascismo avançando nas estratégias.

Em dezembro de 2020, foi a nossa assembleia constituínte, mas em menos de dous meses, Vigo Antifascista já fijo umha intensa campanha de agitaçom e propaganda nas nossas ruas. Nom há bairro sem cartazes com a nossa legenda “Frente o avance fascista, resposta popular!”. Estamos satisfeitos com a campanha iniciada. Surpreendidos de que muitas pessoas e coletivos se interessáram polo trabalho realizado.

Vigo Antifascista vai-se conformando com simpatizantes, ativistas e militantes por um compromisso maior, que entendem a necessidade de combater o fascismo com estratégias atualizadas. O fascismo nunca deixou de existir, agora emprega a democracia de jeito mais nocivo, fazendo desde os próprios parlamentos, cenas que fam eco do populismo, respostas simplistas.

Na Galiza, o fascismo e a ultradireita assomam mais nestes momentos. A que atribuídes essa situaçom? O Governo de Feijó parece estar cómodo, a que o atribuídes?

Ainda que na Galiza Feijó logrou frear de forma hábil para o seu partido de origem franquista, nom o esqueçamos, o crescimento aparente do fascismo, de Vox, nós sabemos que estám, como o estava Abascal e os seus esbirros, dentro do PP. É só umha questom de estratégica eleitoral. Na Galiza nom tenhem representaçom parlamentar, mas tentam normalizar a sua presença na rua. Devemos estar atentos. Estamos alerta.

85º aniversário do genocídio galego, 85 anos depois, existe interesse para recordar e, sobretodo, para freá-los? Existe implicaçom dos jovens para luitar frente os fascistas?

Esse é, em grande medida, o nosso labor. A memória antifascista tem umha utilidade prática, funciona com energia desfascistizante e nom pode ser verniz combativo dos que nom querem combater. Na nossa organizaçom há ativistas, simpatizantes e militantes de diversas idades, mas necessitamos ser multidom. Estamos fazendo um esforço multiplicador junto com outras organizaçons antifascistas da Galiza.

O regime de 78 di-nos umha e outra vez que da noite à manhá todo mudou a democracia, que análise fazedes do 78 e de quem dim isso?

Claramente para nós o regime bourbónico é herdeiro direto do franquismo e é, portanto, franquismo residual e latente, e a sua constituiçom é acatada por Vox como se fossem os Princípios Fundamentais do Movimento. O fascismo em Espanha está legalizado. A notícia é paradoxal: “Vox inunda de recursos o Tribunal Constitucional com umha média de quase duas por mês no que vai de legislatura”. Estám criando o seu próprio hábitat sob o “guarda-chuva constitucional” e som já parte do poder legislativo. Nesta situaçom anómala, o antifascismo é umha urgente necessidade, é umha vacina contra as utilizaçons e comportamentos espúrios que promovem e justificam recortes de direitos e liberdades.

Contra o revisionismo que tenta explicar inexplicavelmente a legitimidade de instituiçons herdadas. Umha maquinária que continua utilizando o esquecimento programado polos cínicos, postergando, dilatando ou proclamando que o equilíbrio democrático está na mediocridade que pretende situar-nos nos extremos, na marginalidade! A nossa geografia da memória e para a construçom política é bem outra. Os que promovem o esquecimento programado nom podem ser os que ditem como executores em nome da memória antifascista.

Vigo Antifascista chama à “resistência antifascista”, 43 anos após a chegada da suposta democracia, existe umha linha de continuidade entre o golpe de estado de 1936, a reforma política de 1978 e o processo de involuiçom em curso?

Claramente! Pretendem viver e que comulguemos com o mito da transiçom e da falsa concórdia decretada polos comissários do esquecimento programado. Dito processo estaria concluído, se todos os assuntos relativos à falsa história do genocídio galego, à Guerra Civil espanhola e à imposiçom da monarquia franquista, do regime bourbónico, pudessem ser discutidos livremente.

Que valorizaçom fazedes da monarquia espanhola?

Como os autodenominados constitucionalistas dim, é a pedra angular da sua democracia. Acrescentamos que se constituiu polos herdeiros do franquismo, sobre essa pessada pedra angular: os Bourbóns. Recuperar a memória antifascisra é um ato de justiça perante a conduta criminal do genocida, de Franco e dos seus herdeiros, dos seus esbirros, ignorantes ou desconhecedores interessados que chamam bando nacional a um bando de delinquentes, os mesmos que relativizam ou negam a responsabilidade criminal do franquismo normalizando-a como um ato irremediável.

Na Europa, o fascismo vai medrando, no Estado espanhol a ultradireita está obtendo representaçom nos parlamentos, como se frea esse impulso e esse “branqueamento” que se lhes oferece em muitos meios de comunicaçom, o que lhes dá asas?

Achamos que é necessário articular o movimento antifascista e nom renunciar a nengum tipo de luita. Defendemos a convergência de todas as forças políticas e sociais antifascistas para criar um muro que freie o desenvolvimento e acumule forças para erradicá-lo do nosso país.

Que pensades do Governo espanhol que dixo que ia retirar a Lei Mordaça e alguns artículos do Código Penal que permitem enviar-te a prisom por cantar, como ocorreu com Pablo Hasél? É um fracasso do “governo mais progressista da história”?

A monarquia bourbónica é parte do eixo articulador da ofensiva reacionária contra os tímidos direitos, liberdades e conquistas laborais e sociais que nos estám suprimindo. Um processo que nom é novo, mas que com a justificaçom de combater a pandemia, estám logrando aplicar sem praticamente oposiçom popular. O Estado espanhol é umha democracia burguesa em pleno processo de involuiçom, onde umha parte das forças políticas que representam os interesses diretos da fraçom mais reacionária da oligarquia, actua sem máscara, reivindicando e defendendo diretamente, sem maquilhagem nem filtros, o seu projeto fascistizante.

Que pensades e que análise realiza Vigo Antifascista sobre a renovada Lei de Memória Democrática?

Nunca é tarde para reforçar o combate contra a impunidade e a falsa e criminal ideia de que os órgaos públicos tenhem o direito de torturar ou matar a qualquer suspeitoso de atos considerados pola legalidade imposta, atos criminais.

Nom aguardamos mudanças radicais, necessárias para acabar reconhecendo o genocídio galego. Estamos longe de que se assuma o ocorrido, 85 anos é muito tempo. Mas, se sabemos aproveitar os resquícios da Lei, poderemos avançar um pouco mais na restituiçom da Memória Antifascista. Memória Democrática, o nome importo outra vez pola legalidade espanhola, mais umha vez, um eufemismo.

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