Razóns para comemorarmos o 72. Significado histórico

A classe trabalhadora era e é um arma carregada de futuro poir isso o relato das nossa história debe estar nas nossas mãos para salvaguardar a sua essência e ser fiel á verdade. 

Por Abraám Alonso Pinheiro / Vigo Setembro 72. 50 Aniversario

Grazas por nos acompanhar nesta presentación pública da Comisión Organizadora do 50 aniversário do exemplo proletario de 1972.

Tal e como afirma o companheiro desta iniciativa, Carlos Morais, num recente artigo de opinião:

“1972 foi um ano cruzial na história contemporánea da Galiza. Sem os acontecimentos que tivérom lugar há meio século nom podemos compreender os desafios do presente.

Em 1972 emerge a classe obreira galega como classe para si, tal como descreve o marxismo, convertendo-se no sujeito articulador e vanguarda da resistência e oposiçom popular à ditadura fascista.”

“As iniciativas em marcha comemorativas do 72 no seu sentido mais amplo, nom devem ficar numha mera homenagem nostálgica à geraçom que há meio século luitou contra a forma concreta que adotava naquela altura a exploraçom capitalista.”

Em setembro de 1972 a classe trabalhadora do sul da Galiza “mandou a parar”. Nem Franco, nem o franquismo, nem a BPS, nem deus!! (que estava do bando fascista) puido por freio à vontade da nossa classe.

Hai múltiples leccións que podemos extraer do Setembro de 1972. Mas sem dúvida essa é a primeira: se classe trabalhadora quere, não há nada nem ninguém capaz de impedir a sua vontade.

Relacionado com o esse poder que temos e o medo que provocamos na burguesia e nos seus colaboradores, há uma outra lição que devemos extraer: a do relato e o silêncio.

Quem deu os golpes definitivos que contribuirom para acabar com a ditadura franquista foi aquela mesma classe social que possibilitara 41 anos antes a existência da II República espanhola. A classe trabalhadora sempre a vanguarda e sempre motor principal dos direitos arrincados à burguesia. A classe trabalhadora era e é um arma carregada de futuro poir isso o relato das nossa história debe estar nas nossas mãos para salvaguardar a sua essência e ser fiel á verdade. O livro de Isidro Roman contribue sem dúvida a rachar o silêncio com um relato próprio.

Resulta paradigmatico que as individualidades que encarnavam a vanguarda do rexurdimento da autoorganizaçao e mobilização obreira, e a própria gesta de 1972 sejam uns desconhecidos para a maioria da populaçao. Isso é um facto premeditado e com uns objetivos concretos. A quem nos quere submissos e explotados interessa o silêncio e a desmemória.

Falam-nos das estrelas meiáticas do momento, das modas, dos objetos consumidos mas evitam falar de aqueles que por meio da luita conseguiam reduzir a jornada laboral e melhoras nas condiçoes que faziam menos perjudicial a escravitude moderna que padecemos no modo de produçao capitalista. As heroínas e os heroes existirom e existem. Forom e são pessoas normais, de carne e oso e não seres de ciencia-ficción.

O silêncio que querem impor a 1972 é roto só polo esforço de sindicatos deudores dessa experiência e por classe trabalhadora consciente. Sabemos que temos no 1972 um grande exemplo cuja lembrança devemos manter viva como espelho no que nos ver, como bussola para nos guiar e como património dos éxitos e poder da classe obreira no seu longo caminho pela liberdade.

Obreiras e obreiros jogavam a vida e se expunham a duras penas de prissão e castigos físicos para exigir os seus direitos. Hoje devemos ser autocríticos: com muitos mais meios para informar dos conflitos e provocar o seu contágio, ficamos sumidos no desconhecemento e na parálise. Por isso também devemos olhar para o exemplo de 1972 com esperança e com orgulho de classe. Exemplo a seguir e a contagiar pois se conseguimos colocar em jaque a ditadura, podemos fazer o mesmo contra esta mutação que padezemos na atualidade.

No 1972 tiverom lugar episódios que são comuns às luitas que a classe trabalhadora trava em todo o mundo contra a ditadura do capital. Mas Vigo foi vanguarda no estado num contexto ditatorial onde a polícia era de gatillo frouxo. Experimentamos em Vigo métodos de luita adequados a esse contexto e fomos semente de conflitos posteriores.

Para além de ter sido protestos de caráter estritamente laboral, servirom de catalisador de todo o malestar padecido polo conjunto da classe trabalhadora. A implicaçao dos bairros obreiros na proteçao de manifestantes supujo explicitar o controlo absoluto da sociedade por parte da classe trabalhadora. A solidariedade emanada ao calor da luita foi dessa solidariedade que nos re- humaniza, que nos coloca em colaboraçao com quem temos ao lado. Essa solidariedade “natural” tem muito mais valor e é muito mais sólida e perigosa para o inimigo do que qualquer outra emanada só da conciência política. Esta é mais uma importante lição histórica: a luita contra a injustiza e a solidariedade re-humaniza-nos.

Objetivos da Comissom Organizadora do Setembro do 72

Em base ao dito, os objetivos as Comissao organizadora do 72 sao vários:

  1. Contribuir a manter viva a memória do 1972 e a luitar contra do interessado silencio e desmemoria que a classe burguesa quere colocar acima da luita do 72.
  2. Dignificar e recuperar o orgulho de classe. A presunta incultura e embrutecimento achacados á classe trabalhadora são provovados. Aínda assim não evitam que sejamos o motor da sociedade. Se nós paramos, paramos o mundo. Sábeno bem e sintem pánico perante a autoorganizaçao.
  3. Involucar ao proletariado e à classe trabalhadora de Vigo na celebraçao deste 50 aniversario.

Atividades concretas previstas

  1. Para além destes objetivos menos tangíveis e também para chegar a eles dotamo-nos de contas de Telegram, Instagram e Facebook nas que colocamos publicaçoes da época que imos resgatando de arquivos.
  2. Apresentaremos publicamente o livro que está a ser a nossa principal guia para entendermos o acontecido nas mobilizaçoes obreiras do Vigo de entre 1962 e 1972. “Todos com Vigo” de Isidro Román Lago.
  3. Desenvolveremos um roteiro aberto a quem goste de se implicar e de conhecer os lugares mais emblemáticos do Vigo proletário.
  4. Acordamos celebrar um grande concerto em Castrelos para o qual solicitamos o pertinente permiso e de cuja solicitude aguardamos resposta afirmativa por parte da equipa de Abel Caballero.
  5. Remataremos o nosso trabalho com a colocaçao dum monumento autoria do escultor Benito Freire e para o qual solicitamos também permiso a Zona Franca e Concelho e também aguardamos resposta afirmativa a nossa solicitude. Entendemos que um viguista empedernido como presume de ser Abel Caballero, facilitará o nosso trabalho para comemorar a quem fomos, somos e seremos sempre  alma de Vigo: a classe.

É necessário, urgente e vital recuperar o papel da classe obreira como sujeito histórico da sua emancipaçom. É necessário dotar- nos do que se vem denominando “espírito do 72”.

A classe obreira galega para além contribuir para fazer realidade a II República Espanhola, proclamaba a I República Galega o 27 de junho de 1936. facto este por certo bem silenciado como o 1972 que nos trae hoje aqui. Em quanto a burguesia puido combateu o resultado obtido dentro da limitada democracia parlamentar manu militari. Aínda há quem hoje procura familiares em cunetas, e há ao tempo quem não pede perdom. E o que é mais grave e um problema do qual devemos ocuparnos: há quem emprega o golpe perpetrado como exemplo e advertência á esquerda. Vox é a mau dura que promove a classe dominante para controlar desde dentro e com amparo das instituições os protestos que irão em aumento.

Visto com perspetiva, a legalização de partidos e sindicatos não nos trouxo grandes melhoras nem um salto na conquista de mais direitos, e foi-nos vendida a correição dessa situação como um sucesso em sim mesmo. Mas hoje a ditadura burguesa exerce um controlo mais férreo do que entom embora o dedo não vaia ao gatillo com a ligeireza daqueles anos. Como lia recentemente numa nova:

“Nom há tantos anos, perseguia-se exclusivamente a resistência violenta, o delito; posteriormente, perseguiu-se também a participaçom política em estruturas alegadamente cúmplices com essa

violência; a seguir, penou-se umha participaçom nebulosa em ‘entornos’ da violência; e para finalizar, sancionou-se, mesmo com penas de prisom, a expressom escrita de qualquer opiniom dissonante sobre o direito à rebeliom.”

A patronal é covarde e reclamará sempre pau para que a classe trabalhadora siga sumida na escravidom. A história de Vigo demostra que aínda que a folga non era reovolucionária e não tinha como objetivo a tomada do poder, sim adquiriu tintes insurrecionais. Ao voltar as augas ao rego que marca quem continua a mater o controlo das sociedade, aquelas e aqueles que sentirom mais perto a possibilidade de vencer com luita, quem olhou com os seus próprios olhos que o sistema não é invencível, rematarom por engrossar as fileiras de organizações armadas como ETA, GRAPO a Frente Armada da UPG… Quando a classe trabalhadora abre os olhos e descobre o engano absoluto no que a burguesia converte as suas vidas para que não descubra a sua escravitude moderna, não há limites a sua vontade de luita e de vitória.

 A que nos está caindo: despejos, recortes em sanidade, preços desorbitados na energia elétrica e em combustíveis fóseis, crise ambiental, emigração, fame, guerras que ocultam saqueio de recursos… sistema com 10 suicidios diários, ansiedade, depresao, problemas mentais, inseguriade, precariedade, inestabiidade… Isso é o que nos oferta a classe capitalista á classe trabalhadora. É evidente que o seu modelo de sociedade dividida em classes com interesses antagónicos é um desastre que cumpre erradicar.

É necessário o contato e diálogo permanente entre aquelas pessoas conscientes de que o que há é insuficiente. Hora de retomar a rebeldia, o confronto, a insubmissao. Hora de começar a marcar o caminho que nos achegue á liberdade. Hora de deixar atrás o medo e hora de fazer pagar a aqueles que atraiçoam a causa proletária. Hora de recuperar e atualizar o exemplo de 1972.

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