A Memória como arma política

A lei de memória histórica nom passa de ser papel molhado, umha mera formalidade, e a sua reformulaçom representa retrocessos nalguns aspectos. Esta constata a manipulaçom que fai o poder político instalando novamente no povo a ideia da reconciliaçom e o esquecemento do passado, do mesmo jeito que figérom durante a transiçom.

Por Paulo Peres / Comité Antifascista Lourinha

Com a apariçom de Vox no cenário político promovido polas élites económicas (BBVA, Corte Inglés, FCC, etc), revitalizou-se à par, e desde setores mais conscienciados, o movimento antifascista.

O antifascismo mais combativo, a pesar das possíveis medidas repressivas de quem incumpre a lei de memória histórica, efectuou açons contra a simbologia que dava nome a praças, ruas e parques, honrando a figura de fascistas e assassinos. Devido ao acionar consequente, retirárom-se estátuas e bustos, e muitos outros vestígios da ditadura fôrom eliminados.

Os partidos políticos institucionais, Psoe, Bng, Podemos e as caldeiradas de confluência, forças que podemos enquadrar dentro da nefasta corrente do «progressismo”, nom fam o mínimo para o seu cumprimento. Porém, perseguem aos setores do povo mais beligerantes com a simbologia que ocupa espaços públicos.

A lei de memória histórica nom passa de ser papel molhado, umha mera formalidade, e a sua reformulaçom representa retrocessos nalguns aspectos. Esta constata a manipulaçom que fai o poder político instalando novamente no povo a ideia da reconciliaçom e o esquecemento do passado, do mesmo jeito que figérom durante a transiçom.

Como se a história nom servisse absolutamente para nada, nem política, nem socialmente. Tentam esvaziá-la de conteúdo como simple formalismo para a sumissom do outro.

Levamos demasiados anos com censura, silêncio e indiferença por parte de quem ostenta o poder, escrevendo a história “oficial” para ponhé-la ao serviço de interesses políticos e económicos. A memória dos vencedores oculta às vítimas a dor causada, impede a reflexom e o achegamento aos feitos, bloqueia o diálogo com o passado.

Convertem a memória em algo fragmentado, precário e subversivo para afastar-nos dela. Deixar as coussas como estám é o que pretendem, que os derrotados, humilhados, massacrados e assassinados, nom tenham vínculos com o presente.

Embora, a memória permanece ligada a umha verdade ocultada, enterrada nas cunetas, que amosa a crueldade, a brutalidade e o selvagismo da turba fascista. No estado espanhol, a origem da acumulaçom de riqueza das élites económicas, xurde do escravismo, do roubo e saqueio de propriedades, na exploraçom desalmada que sofreu a classe obreira perante os anos que durou a ditadura franquista.

Estas mesmas élites som donas da cultura «oficial», da história re-escrita sobre os vencidos, da legitimaçom da sua riqueza mediante a manipulaçom e tergiversaçom empregando os mass-meia. É através destas ferramentas como se inocula no povo a ideia de «guerra civil» e nom de golpe de estado fascista, que se cometérom excessos nos dous bandos, e polo tanto, devemos abraçar-nos aos nossos inimigos abandonando toda ideia de justiça e reparaçom.

Na sociedade de mercado onde umha classe ostenta o poder sobre as outras, é umha ilusom pensar que os oprimidos, dominados e explorados tenhem a sua própria história. A história dos vencidos é sempre contada polos vencedores.

A classe dominante possue os meios de produçom e reproduçom de capital, som donos de televisons, de editoriais, da produçom literária, do conhecemento. Polo tanto, a cultura e história que circula, presente nos livros na educaçom, que ocupa as portadas, os escaparates, que se divulga e promociona, nom é outra que a sua. Somente serve para defender os seus interesses económicos, políticos e culturais.

É assim como a história dos oprimidos é ocultada no fundo dos estantes. Quando esta sae à luz, é ridiculizada e negada, os nossos monumentos violentados, as expressons artísticas anuladas, o acesso a difusom impedido, etc.

Do que se trata nom é outra coussa que suprimir, eliminar e censurar a nossa memória.

“As nossas classes dominantes procurárom sempre que a classe obreira nom tenha história, nom tenham doutrina, nem heróis, nem mártires. Cada luita deve começar de novo, separada das luitas anteriores, as experiências coletivas perdem-se, as leiçons esquecem-se. A história aparece assim como propriedade privada, onde os seus donos, som os donos de todas as coussas.”

Esta cita de Rodolfo Walsh, periodista, escritor, intelectual, revolucionário, assasinado pola ditadura de Videla na Argentina, esclarece perfeitamente a importância da história e da memória como arma política.

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